Aprendi pequenina como funcionava um piano. Tinha 7 ou 8 anos, creio. Tocava muito de ouvido, precisava de ouvir antes de começar a ler a pauta e a tocar. Diziam-me que tinha talento mas que me faltavam horas de prática. Preguiça.
Mais tarde aprendi a tocar clarinete por não ter quem me ensinasse a tocar flauta transversal.
Mais tarde e por coisas do destino segui para o saxofone alto. Sei como se toca mas não posso dizer que saiba tocar. O que sabia quase já esqueci porque morar apartamento, vizinhos e treino de saxofone não encaixam bem. Ou por preguiça. Tenho também uma flauta transversal que carinhosamente me foi oferecida para estimular o meu gene autodidacta. Mas... preguiça.
E tenho saudades... de conseguir tocar sem falhas e imprecisões, de sentir a música nascer no sopro, de tocar com mais pessoas deixando de me ouvir e passando a ouvir a minha melodia misturada e em simbiose com as outras.




Também sinto falta de ouvir música. Só ouvir. Sem ter o cérebro meio ocupado com qualquer outra tarefa. Ouvir com toda a atenção, com todos os sentidos. Ver as capas dos discos e dos cds, as letras das músicas, palavra a palavra, ler nas entrelinhas, pensar, sentir e ouvir de novo. Sabe tão bem! E às vezes deixo-me embalar pelo ritmo frenético da era tecnológica e esqueço-me destes simples e maravilhosos prazeres...